Tivemos neste final de semana a grande final do Campeonato Brasiliense de Xadrez e o campeão foi Flávio Sposto Pompeo, recentemente homenageado como enxadrista do mês por ser o Campeão Brasiliense de Xadrez Blitz!
O vice campeão foi Antonio Daniel Nobre e o destaque ficou com o integrante de Xadrez Nova Geração Erick Taira em 3º lugar!
Confira os resultados e partidas clicando aqui
Veja o relato divulgado por Flávio em seu perfil pessoal no Facebook e conheça a sensação de ser Campeão Brasiliense de Xadrez:
E quando você zera uma fase do vídeo-game, o que resta? Jogar a próxima fase!
Ontem “zerei” o xadrez do DF. Conquistei o campeonato mais importante de Brasília, o Campeonato Brasiliense de Xadrez Absoluto 2017, realizado no clube Ascade. Somo isso aos outros títulos do DF que eu já tinha: Campeão Brasiliense de Xadrez Blitz (2017), de Xadrez Rápido (2014), de Xadrez por equipes (várias vezes), campeão juvenil, campeão universitário etc.
Parece besteira, mas esse título era um antigo sonho, desde a primeira vez que tentei disputar este campeonato, há 15 anos.
Então foram 5 dias muito emocionantes de torneio.
Foram 7 rodadas de partidas que duram até 4 horas. Fiquei invicto, alcançando 4 vitórias (contra Erick, Davi, Lucena e Cláudio) e 3 empates (contra Daniel, Felix e Breitman). Venci meus dois principais adversários e antigos rivais de vários campeonatos brasilienses anteriores: o Mestre Fide Lincoln Lucena e o prof. Davi Nascimento. Empatei algumas pelo caminho, inclusive na última rodada joguei com o regulamento debaixo do braço e ofereci empate porque sabia que o título seria garantido.
Confesso que não dormi muito nesses 5 dias. Estava muito nervoso. Em algumas noites, dormi só duas ou três horas. Mas conforme me disse o MF Adriano Valle, esse nervosismo às vezes é normal, precedente de grandes conquistas. É como se houvesse algo diferente, elétrico no ar. Em algumas vezes tive que sair de carro após a partida para gritar bastante. E antes da última rodada, quando fui sair de casa, as lágrimas corriam do meu rosto, sem explicação. Tive que respirar fundo e fazer cara de pessoa normal antes de ir para a 7a rodada.
Ainda ganhei 23 pontinhos de rating FIDE.
Fiquei bem feliz por ter composto o pódio com outros dois amigos queridos que também fizeram 5.5 pontos: o inteligentíssimo Daniel Nobre (vice) e o jovem talentosíssimo Erick Taira (3o).
Depois do campeonato amigos vieram me perguntar como eu estava me sentindo. A verdade é que fiquei cintilante de alegria, mas esse sentimento de realização passa rápido e é superada por novos sonhos, novas vontades, novas metas. Qual a próxima? Já tenho algumas em mente Além disso, depois da 7a rodada voltei para casa e comecei a analisar meus erros nas partidas que tinham acabado.
Também me perguntaram qual o segredo de tantas conquistas. Em outubro e novembro joguei 4 campeonatos (sendo 2 campeonatos brasilienses) e fui campeão dos 4 eventos, garantindo um total de mil reais em prêmios. Este valor eu doei à FBX para fazer o Aberto Terraviva 2018.
O segredo principal é ter sorte, mas a sorte ajuda quem merece.
O segundo segredo é paixão. Xadrez é uma paixão na minha vida, desde que aprendi, aos 16/17 anos. Este ano não estudei muito, mas certamente tenho acúmulo, já me dediquei muito a este jogo nos últimos 17 anos da minha vida. Sempre sabendo, é claro, a hora certa de largar o jogo e focar em objetivos realmente importantes, como cuidar da família, passar num concurso, terminar a UnB, passar num concurso melhor, fazer mestrado etc.
O terceiro segredo é o esporte. 2017 foi o ano da minha vida que mais pratiquei esporte: natação e musculação. Algumas pessoas não acreditam, mas atribuo a isso parte da minha evolução recente no xadrez. Também nunca tinha praticado esportes radicais e experimentei alguns em 2017: esquiar (Bariloche), mergulhar a 12 metros de profundidade (Fernando de Noronha) e voar num tunel de vento.
E o quarto segredo são métodos de trabalho da força mental que ainda estou aprendendo: respiração, mentalização da vitória, controle da vontade etc. Esses métodos, aliados à organização e planejamento estratégico, também têm me ajudado muito a alcançar objetivos profissionais e agora e melhorar meu desempenho desportivo.
Decisivo foi o fato de que, no primeiro dia de torneio, minha filha de 4 anos disse: “papai, se você não for campeão eu vou ficar muito triste”. Todo dia ela repetia esse tipo de pedido antes das partidas, e isso me dava forças para me concentrar mais, para dedicar mais energia mental e para buscar errar menos.
Agradeço a todos: minha filha Cássia, minha esposa Larissa, minha mãe Rosa, e tantos que participaram ou ajudaram o campeonato. Não cito todos porque não caberia aqui, mas sou muito grato pelo carinho e amizade que o xadrez me proporcionou.
Xadrez é isso, não é apenas um esporte, arte ou ciência: é uma forma de fazer amigos, de ter relacionamentos, de aprender a respeitar e se relacionar com o outro que pensa e é diferente. E é uma forma de melhorar a si próprio. Sou crítico comigo mesmo, então, para os meus critérios, eu jogo xadrez muito mal. Mas sonho em melhorar, e é possível, se eu estudar de verdade.
Para quem quiser conhecer minhas 7 partidas neste torneio, e também conhecer os métodos de preparação mental, técnica e enxadrística que usei, irei ministrar nos próximos dias um mini-curso, na Academia XadrezValle, em que vou compartilhar um pouco da preparação que me levou a alcançar estes títulos. Vou doar integralmente a renda deste mini-curso à XadrezValle e à FBX.
Edit: Antes que alguém pergunte: sim, eu levei uma garrafa de champanhe e tomei dentro da taça de campeão!!!!
Parabéns, Flávio! Você é o Campeão Brasiliense de Xadrez Absoluto 2017!